
Nesta primeira exposição panorâmica realizada no Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba, Monica Piloni apresenta um recorte representativo de sua produção, dentre fotografias, vídeos e esculturas produzidas desde 2011 até 2021. A artista de Curitiba, iniciou seus estudos com escultura em 1997 mas somente a partir de 2004, com sua mudança para a cidade de São Paulo, que passou a utilizar o recurso do espelhamento como forma de construção das figuras humanas assumindo o seu próprio corpo como molde para suas produções. Porém, ao invés de criar uma auto-representação, Piloni constrói novos corpos nas suas esculturas tomando partido do erotismo como essência transgressora que triunfa sobre o tabu.
A maioria dos trabalhos desta exposição, apresentam logo no primeiro olhar, um encantamento por meio de uma harmonia atraente de corpos que recorrem a um ideal de beleza. Contudo, no segundo momento, passamos por um movimento antagônico, um movimento de estranhamento. As deformações causadas nestes corpos, realizadas a partir do gesto de espelhamento da figura, da repetição e subtração, trazem uma simetria dissidente. Ou seja, a simetria aqui, não é aplicada exclusivamente como um elemento de composição para gerar equilíbrio, como é realizado nas composições clássicas. Ao contrário, essa simetria é responsável em modificar o corpo representado trazendo a proposta de uma outra beleza que foge dos padrões.
Este segundo olhar é um elemento importante dentro de sua produção, pois ele é responsável em capturar o espectador da superfície do encantamento para adentrar na profundidade de reflexões e questionamentos que estas imagens podem desdobrar. Dessa forma, os trabalhos de Monica Piloni não se tratam de um hiper-realismo, do qual almeja uma obsessão sobre a superfície da representação idêntica, mas busca, a partir das alterações dos corpos, uma densidade de entendimento. Esta camada, faz com que suas esculturas abdiquem de um posicionamento passivo de contemplação, mas invertem essa lógica: as esculturas assumem autonomia que devolve o olhar ao espectador, de forma que somos confrontados e questionados a partir deste olhar retornado. A exposição Simetrias dissidentes, portanto, atenta a cada espectador observar as produções da artista para além de sua relação com a estética do belo. Propõe uma escuta destes corpos, que nos faz questionar em como os padrões são constituídos na sociedade e quais são suas respectivas consequências recaídas sobre o corpo da mulher.



